quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

coisas tristes ou um desbafo assim para o incoerente

há bocado estava no carro a ouvir notícias. falava-se dos números de desemprego. a pior situação é para jovens mulheres no norte, à procura do primeiro emprego. ai que sorte a minha. acho que até perdi a cor. não é que eu não soubesse, mas é tãaaao injusto. a sério.
até hoje sempre tive um plano. havia a primária. depois o ciclo. depois o secundário. depois a universidade. depois o estágio. e depois? depois havia que encontrar o primeiro emprego. só que aparentemente não há trabalho para jovens arquitectas. ou há. mas de graça. de graça? só podem estar a gozar! eu estudei muitos aninhos, fiz um mestrado, fui para fora estagiar. era o que me faltava ir ser escrava de alguém, ainda por cima de graça. é que eu não ia ser boa, a trabalhar de graça. tenho amigas minhas que o fizeram. com esperança de ficarem a trabalhar a contrato mais tarde. não me façam rir tanto, que me dói as costas. acabaram por vir embora, porque lhes ofereceram 500 euros de ordenado a recibos verdes. e sabem a melhor? no segundo seguinte, o lugar delas estava preenchido. por um estagiário a trabalhar de graça. achava que o dono do atelier lhe estava a fazer um favor. claro que depois
e faz favor não confundir. isto não é ser preguiçosa. é ser lógica. já o disse aqui e repito. prefiro ir trabalhar para a zara. sempre são mais 300 eurinhos por mês, um contrato e desconto na roupa. e menos responsabilidade, e acho que por lá ninguém faz directas a fazer maquetas. só vantagens, portanto.
para muitos a minha geração continua a ser a geração rasca, mas vamos a ver e vamos ser a geração mais trabalhadora de sempre. com bolonha começamos a trabalhar mais cedo. com as novas leis, temos a reforma mais tarde. e já é anunciado que somos nós que vamos pagar pensões de reforma da geração acima, porque parece que para nós vai pingar pouco. e ainda temos de ser dóceis e trabalhar muito, a receber pouco, a protestar ainda menos.
queixam-se que os jovens portugueses saem de casa muito tarde. e têm filhos ainda bem mais tarde. pois. imagine-se porquê. é que com o salário mínimo já é difícil sobreviver. quanto mais criar uma família.
eu não sou a maya. mas acho que não é muito dificíl fazer previsões em relação ao que vai acontecer. o meu palpite é que vai acontecer o que já se tem vindo a notar. os jovens inteligentes e empreendedores vão pisgar-se deste país à beira mar plantado. vão para sítios onde lhes dêem valor. onde seja mais fácil vingar. onde o trabalho seja pago.

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