quinta-feira, 27 de setembro de 2012

as casas vazias não são de ninguém


a casa onde vivemos desde o início do ano já não é nossa. nem da mattie e do francisco. e nós todos ainda vivemos lá. só que já não é de ninguém. é uma soma de espaços vazios. sem personalidade. sem pertença. já não tem os quadros comprados nas feiras. ou as peças de madeira por aqui e por ali. não tem as cortinas que nos separam do resto do mundo. e não tem as almofadas no sofá. tem muito chão nu. e paredes despidas. tem coisas empilhadas, para sairem de lá. ficaram lá bocados da nossa vida, neste ano. nas marcas na parede. nos riscos do chão. naquele bocadinho de tinta da porta que caiu quando o diogo fingia que fazia elevações numa barra. nos ganchos das redes mosquiteiras. no fogareiro improvisado do terraço. ficam lá as nossas memórias enclausuradas. as mais importantes trazemos connosco. mas aquela já não é a nossa casa. não é de ninguém. 

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