quarta-feira, 29 de agosto de 2012

um fim de tarde sónia brazão


cheguei a casa meia morta depois da aula de cycling (é bem feita, por andar a fazer gazeta há milénios). fui à cozinha vigiar o que a empregada andou a fazer. pareceu-me tudo normal menos um barulhinho que ouvia. assim um "fsssssssssssss". andei de um lado para o outro à procura. abri as portas dos armários. e na última, descobri. era a botija de gás. ai valha-me deus, ai valha-me deus. parecia uma barata tonta. olhava para aquilo. ia abrir uma janela. voltava a olhar. voltava a ir abrir mais janelas. comecei a ligar aos rapazes. não se fossem eles lembrar de entrar por ali dentro a fumar. só me imaginava tipo sónia brazão a voar pelos ares. ai valha-me deus, ai valha-me deus. os rapazes não atendiam. eu estava cheia de medo de mexer na garrafa e de a abanar. sei lá o que poderia acontecer. olho outra vez e vejo o gás a sair. vejo-o. mais. aquilo começa a formar tipo uma bolha de espuma. espectacular. as imagens de mim a voar pelos ares tipo sónia brazão não paravam. mandei mensagens aos rapazes. e, olha, segui para o banho. que uma pessoa toda transpirada não consegue fazer nada de jeito. a meio do banho liga o diogo. claaaaaro! sempre em boa hora. eu de champô na cabeça lá atendo. ele manda-me sair imediatamente do banho e pôr a garrafa fora de casa. ok, ok, mas fica aí ao telefone que se eu fôr pelos ares como a sónia brazão ao menos não estou sozinha. ai, deixa de ser parva. sigo a segurar o telemóvel com uma mão. a segurar a toalha com a outra. o champô perigosamente a escorrer-me para perto dos olhos. eu a pingar o corredor todo. uma cena do além portanto. sem mãos livres, sou obrigada a pôr a porcaria do telefone em cima do balcão. a tentar não agitar muito a garrafa, lá a puxo para fora. oh pá, aquela merda é das antigas garrafas daí. eu sou uma menina fina, só lidava com pluma. portanto aquilo para mim, era tipo mover uma montanha. escusado será dizer que a abanei imenso. lá tirei a coisinha que liga ao fogão. sigo com ela nas mãos, meia nua, com champô na cabeça, para o hall comum e larguei-a lá. até eles chegarem e seja o que deus quiser. porque realmente pô-la no jardim nessas figuras já era demais para a minha pessoa. abri mais janelas. fui acabar o meu banho. e não fui pelos ares tipo sónia brazão. um hurray por mim, faxavor.

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