terça-feira, 20 de dezembro de 2011

isto de mandar emigar os outros

não gosto muito de política. nem de falar de política. mas hoje vou falar da opinião dos políticos. primeiro foi o miguel relvas no parlamento. depois veio o primeiro ministro lembrar aos professores que é uma opção. filhotes, toooooda a gente sabe que emigrar é uma possibilidade. mas os senhores falam disso com uma leviandade que mostra que não sabem mesmo do que é que estão a falar. não sabem da coragem que é preciso ter. do sentimento que não-se-é-de-cá-nem-de-lá. não sabem do medo que é nos primeiros tempos, quando não se tem casa nem trabalho. não sabem da tristeza que dá faltar aos anos do primo, da tia, do sobrinho. não sabem da tristeza de faltar às amigas e à família quando eles precisam. não sabem o que é ter de abdicar de passar o natal em casa, porque não há dinheiro para isso. não sabem de como é difícil adoptar uma nova cultura até nos sentirmos integrados. não sabem o que é lutar com uma língua da qual não se percebe nada. não sabem nada disso.

neste momento, há em portugal arquitectos a mais, professores a mais, advogados a mais, jornalistas a mais. é um facto. porque os governantes, estes e os outros, assim o quiseram. há costureiras a menos, canalizadores a menos, técnicos a menos. porque os governantes, estes e os outros, assim o quiseram. porque eles assim o querem. eles querem mais e mais gente com cursos superiores. mas o que eu vejo é que há gente qualificada a mais. e essa gente qualificada pisga-se de portugal, porque foi crescendo a acreditar que um curso superior era garantia de alguma coisa. não é. porque o país não tem a capacidade de absorção para tantos licenciados. não há espaço para tanta gente. e quando, depois de um curso de 7 anos, me pediram várias vezes para trabalhar 12 hora por dia ou mais, de graça, eu fiz as malas. a contra-gosto. mas vim lutar por um futuro melhor. acho que a esta hora o primeiro-ministro devia estar a implorar para eu voltar a portugal. porque o país investiu na minha educação e eu agora venho pagar impostos para outro país. além de vir dar o meu conhecimento a outro país. ele fez o inverso. vai filhinha, vai. qualquer dia não vai haver ninguém para eles governarem em portugal...

1 comentário:

  1. Parece-me justo querer exercer funções no nosso próprio país, mas...

    Todos prezamos para que os nossos ministros sejam francos, e honestos. No entanto não é isto que queremos ouvir da boca do nosso presidente, o ideal seria ele dizer «Sim senhora, vamos ter emprego para todos os professores, vamos dar a volta a isto»

    Da mesma maneira que acho justo quererem trabalhar cá, acho injusto condenar o homem por estar a ser franco e verdadeiro, coisa que não me lembro de ver no nosso país da boca de superiores.

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